terça-feira, janeiro 09, 2007

Céu (da) T_arde

























Céu (da) T_arde


Não sei para onde seguir
por mais caminhos que eu encontre
sempre retomo a te ouvir
bem junto do meu ser
a me chamar
sentindo essa saudade
que não me deixa
nem me permite relaxar


Será o desejo que ainda não se calou?
Ou o amor era (é) tão avassalador assim
que cravou em tu e em mim
esse silêncio em pânico
tamanho pavor de nos fazermos felizes?


Os números crescem
e anos passam
como um segundo deslumbrante
de profundo desperdício...
um estalido que quebra os anos
em caquinhos de segundos
como um vidro a se estilhaçar
tamanho vendaval


Onde andam nossos passos?
Tenho procurado a alegria dos meus sorrisos
e me pego pensando em você...


Sinto que não me esquece
te deixei ir e você ficou
me pediu pra não chegar tão perto
e eu cheguei
e você chegou


e tão logo nos encontramos
tão logo fomos


e esse buraco de tempo
nem ele enfim nos separou.


Que pensamento é esse
alfinetando meu peito
como espasmos de violino
e um ar tão rarefeito
que nos pulmões arde entrar?


Porque fico ainda tonto
emaranhado à teus movimentos
se no nosso desencontro
de um encontro de momento
ainda arquitetarmos toda uma distância
em nosso comportamento?


Que é essa distância?
Será o afastamento real
ou será o muro que imaginamos
pra bloquer nosso pensamento?


Será a segurança que queremos alcançar?
Estamos assim, seguros de nós mesmos,
ou estamos ainda a nos perguntar?



Este nosso silêncio
é ainda o maior indício
do inevitável incêndio
que é o nosso encontrar


numa dor contida, de criança
nos calamos, pra conservar a magia
secreta dança
de preservar um lugar eterno pra alegria
e pra esperança... enquanto ela durar...


Será esse o plano da Paixão ou do Amor?
Que vivamos do hoje , que ainda ferve
ou da lembrança que ficou de acontecer?
do que é agora ou do que teria sido e por isso mesmo foi?


Foi.


Foi um eterno, mas não alegria
eterna interrogação
um eterno aconteceria


E é só a insegurança, mansa

e sorrateira a nos debruçar
no caminho da vida
apressados, demorados
inquietamente acomodados
ainda procurando um ao outro na beleza de um contemplar
que nos faz lembrar...
Será isso que o que sentimos quis causar?
O que queriamos sabíamos, e sabemos...
e por isso isso mesmo tanto faz
a distância em que vivemos...

todo meu
céu da tarde
é também seu
e isso
nunca houve
como evitar...

( Uirah Felipe )


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