Gotas de silêncio
Porque? Não sei. No momento em que me dei conta de que estava definitivamente acontecendo fui atacado por uma forte emoção estonteante que tomou conta de meu corpo fazendo-me trêmulo, vertiginoso e iminente.Não sei o que era, porque não poderia definir nem como medo e nem como segurança, nem alegria exatamente, era algo intensamente manso, uma calma sublime e agitada, uma concentração de serenidade cheia de energia, e uma espécia de nada desceu em meus olhos e pensei que viriam lágrimas, mas apenas sorri, sem alegria ou pavor. As gargalhadas do público me atravessavam feito relâmpagos, e eu nem havia ainda entrado em cena. É certo que eu estava maravilhado, como num pânico tranquilo, onde se depara no cume de uma montanha tortuosa com o cenário deslumbrante do Rio de Janeiro. É desta inefabilidade que estou tentando me aproximar... Deste encanto natural e inerente. Desta água que desce dos olhos cortando a imagem do mundo num brilho de compreensão espantada... De lágrimas invisíveis que sorriem como a chuva de primavera, brilho ofuscante do inefável belo que pode-se perceber no tudo... com meus olhos nada.... nadando. Sim, era um nada que me atacava. Um “Fudeu... e agora relaxe e...” ... E foi como uma avalanche de folhas em ventania que prenuncia tempestade. Sim, uma coisa toda ventosa que enxurrava-me como na abertura de uma represa... uma descarga elétrica forte e sem dor, um apenas existir de movimento, um simples movimentar e ser... Um sendo-movimento. Toda uma espécie especial de despertar . . . Quando um choro se contém, uma alegria deixa de brotar...
Uirah Felipe
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