



é uma espécie de bioquímica-metafísica
uF
derramamentos corriqueiros de letras lacrimosas contaminadas pelo sal da alegria suada com canto e energia que transborda através dos relacionamentos íntimos da teia em que acreditamos se harmonizar o que conhecemos como Humano de intensa criatividade e sentido sétimo à arte do concerto entre toda espécie de sensorialidade muitas vezes bioilógica que desconhecemos e aprendemos portanto.
O dia acontece sem um instante sequer de silêncio. Minto: debaixo d'água um quase silêncio me alimentou por instantes; foi o suficiente para que o dia tivesse um brilho especial apesar de todo o cansaço e distância em que me encontrava de mim mesmo. Meus sonhos mais reais vieram à tona e tive que repensar toda a realidade para a minha vida: meu futuro jamais poderia ser o mesmo a partir daquele instante. Muitas dores então subiram à tona junto comigo, que vim buscar o ar úmido à superfície do mar. Vivo desejando lágrimas e de repente me vi ali. Cercado delas, todas juntas, de todos os lugares ao mesmo tempo... . A grande lágrima do mundo, e as ondas, como o grande encanto do choro que nunca acontece.
O dia rolou como uma onda que se esfarela na praia, toda derretida. Algo cresceu dentro de mim. Algum peso me encaixou mais à terra, e algum pensamento me esticou mais ao céu. Ao mesmo tempo estava eu ali fotografando o mundo, me sentindo mais leve e mais pesado. Me sentindo mais presente. Vivendo exatamente o sonho que tinha de viver minha vida. E agora? Qual sonho me levaria onde??
E tinha também aquela estranha sensação de sujeira inevitável por se estar vivo. Parecia sentir um certo veneno igualmente inevitável. Veneno como o de respirar o oxigênio. A sujeira e o veneno faziam de mim ser o que eu era. A forma única como trabalhei as grandes sujeiras culturais e os inúmeros venenos consumidos fez de mim o que eu era. E porque me havia ao mesmo tempo um tal espanto e uma tal admiração por ser eu mesmo? Porque às vezes me sentia enormemente marginalizado e ao mesmo tempo muito especial, e também medíocre e ao mesmo tempo fantástico? Que necessidades eram aquelas que eu tinha de, de repente, fugir de tudo, e aquela outra de de repente me entregar à tudo, ao povo, ao ser... ao trabalho, ao foco nas atividades que farão outras pessoas que não eu mais felizes do que conseguem ser sem eu... E que atividades eram aquelas??
Às vezes eu enxergo tudo, e estou fazendo a coisa mais certa possível. Às vezes não percebo e me desespero... parece que tudo que eu faço tem o peso da inutilidade.
E teve um momento do dia em que eu parei tudo pra pensar no meu pai. De manhã senti a tristeza dele por uma extrapolação emocional descontrolada que ele vivenciou do outro lado da porta do meu quarto: e não adianta ter as portas fechadas, certas coisas se sentem sem nem ouvir, e eu só queria ir em bora; dormi, mais um pouco.
Sonho com essa casa e esse sonho não é meu. Estou farto de sentir tanto o que não sou... Desejo o choro meu e me sinto egoísta com isso e sentimentos estranhos de culpa me perseguem sem eu os entender. E nada dialogam meus paradoxais sentimentos. Crescem independentes, constantemente numa luta voraz e interminável. E escrevo, mais uma vez atacado pela necessidade de me esforçar em tarefas inúteis... E tento dizer-me a verdade e ela me escapa como um profundo segredo. Desejo dizer o íntimo e ele se esvai, tímido, e de novo esse egoísmo da timidez de ser si mesmo e só, só. Gosto da água, e no movimento dela me sei parte disso tudo que sou, inevitavelmente. E aceito todo o peso do mundo e toda a leveza de meus pensamentos e aceito também o grande choque de se estar vivo, e todo este espanto misturado à sensação de entender, como se já se estivesse vindo à um lugar que teoricamente nunca estivemos.
E me canso de sentir-me entendedor sem saber explicar nada. Talvez só o sorriso do olhar consiga explicar com exatidão. Talvez os gênios tenham esse dom de explicar o que seus olhos são. E o coração, esse lugar dentro de mim onde sinto os sintomas de coisas mais fortes que a biologia... esse meu coração descontrolado, insaciável, satisfação por ser eternamente insatisfeito.
Talvez a arritmia explique porque consigo amar tantas pessoas. Talvez eu aprenda a bater em muitos compassos com facilidade. Talvez aprender seja minha maior habilidade, o que é um grande problema, se você aprende de tudo um pouco e nesta catarse do sempre aprender não se especializar em nada que não no ato de simplesmente aprender, viver situações adversas, diferentes, que te obriguem a improvisar e pimba! Aprendendo a finalmente inventar a vida!
Quero aprender à dizer a verdade. Será que a verdade será dita pela mentira de uma literatura? Ou interpretada em um palco ou diante de câmeras e edições? Ou será que em um pequeno instante ela será capturada como uma fotografia? Estará ela no silêncio ou no barulho? Ou na dança entre os dois? Na água ou nas ondas? Ou talvez no vento, e no corpo, e na troca, e no entre . . .
Para falar a verdade eu só queria dizer que hoje eu queria ter deitado no colo da minha mãe e olhado ela profundamente sentindo formigar-me um sorriso por todo o corpo. E teria ficado em silêncio dizendo à ela com meu estado de espírito o quanto ela estava bonita.
Mas pra falar a verdade isso eu queria faz muito tempo, e só hoje entendi a urgência que isso tinha. Talvez o tempo não volte, mas se repita no futuro, remodelando todo o passado...
E descobri que escrevendo estou só e comigo mesmo, e ao mesmo tempo entregue ao tudo, e à todos...
~ uFGg ~
Me sinto extamente como este garotinho da foto: perdido em minha bolha de imaginação, estranhamente encontrado.
"Ah essa vida mansa de manhãs ensolaradas e segredos nítidos como o ar quente da atmosfera. Tragavamo-nos de sabermos o mistério profundo de não sabermos nada, e nada mais, e apenas aquilo, de apenas coexistirmos com nossas pequenices e imensidões. Fotografando o belo, ouvindo o cultivo à esta entidade que nos persegue disfarçada de inspiração. E porque somos tão assim quando juntos? Tão diferentemente iguais à nós mesmos quando próximos um do outro? Serão certezas ou sensações? Será a razão das coisas que nos aproxima, ou o simples bem estar inefável de vivermso tão bem assim?... O que será não sabemos, temos o dom da dúvida e não do entendimento. E a desordem das nuvens no céu foi o que nos fez mais silêncio. Foi boa a manhã, com alegria de catavento em mãos de criança em dia quente e cheio de vento gostoso. O ar tinha cheiro de pólen, estava escrito na superfície das poças d'água que refletiam uma incrivel ilustração do azul-céu"
Tomei o livro às mãos, apertando contra o estômago: queria digerir aquele livro todinho. O fim parecia o começo. O grande início como é o grande fim. Hoje, não resisti, e cheguei à última página.
E como uma criança com seu velho favorito brinquedo em mãos, me senti desamparado Seria essa a hora de escrever, enfim? Sentei-me no balanço da praça. Meu quadril prensado, meus pés quase enterrados no barro seco. As pombas vigiando minha solenidade, e só elas me compreendiam tão bem: seus olhares tinham mais força e intuição que a dos seres humanos transeuntes. E as pombas me limparam do desamparo em que me encontrava. Não foi preciso escrever, e somente ergui ao céu os meus braços me esticando todo. Senti-me novo.
O livro tombou sobre o barro e me desencaixei daquele balanço (balanço do tempo?). Levantei-me em direção ao verde do um jardim que parecia evaporar na atmosfera de tão iluminado que estava o ar. Senti-me um gênio pintor, subitamente. Afinal, era magia pura ver todos aqueles verdes numa segunda-feira barulhenta. Desejei uma máquina fotográfica. Queria fotografar o tempo.
Fui embora deixando com as pombas aquele livro que era pedaço de mim, já, e por isso agora não precisaria mais carregá-lo, onde eu fosse, eu estaria-o. Fui, e; finalmente, comecei . . .
Era uma vez dois lindos filhotes: Um peixinho e um passarinho. O peixinho, coitado, nasceu em um aquário. O passarinho, tadinho né, nasceu engaiolado. Na loja onde foram deixados, num canto, separados (separados do resto porque ainda eram filhotes demais para serem vendidos) eles conseguiram se saberem através de certa luz especial do dia que só acontecia quando um raio de sol entrava pela fresta numa janela emperrada e iluminava a gaiola. O espelinho que tinha na gaiola então refletia parte destes raios de sol e iluminava finalmente o aquário. Neste dado mágico instante de poucos minutos, todos os dias, ambos se entre-olhavam, imensamente curiosos de verem outro ser, e vivo, e, igualmente aprisionados, se observavam. Um espanto sublime, entendendo-e-convivendo com a dor do outro, a dor de ter nascido o que se é, e como se pode ser...
Num dia feliz, desses que o sol amanhece cantarolando cantigas que ele improvisa no momento (inspiração das novidades coloridas que o céu trás ao refletir os novos raios a desvirginar com luz toda a pintura que trans(des)aparece no breu noturno) algo de muita importância aconteceu na vida de ambos, quase um milagre. A loja fora vendida, e o novo dono, um revolucionário que não tinha o menor intuito de tocar aquele negócio para frente, antes de destruir tudo pra fazer a reforma e adaptar o espaço à seu projeto de ONG, libertou um a um cada dos animais que ali viviam. E foi triste para o peixinho constatar que sua família não vivia nos outros aquários que não via. Não havia um sequer de sua espécie, e para ele a liberdade fora uma gigantesca solidão: no oceano não havia o raio mágico e único de luz pra iluminar uma outra vida com quem pudesse, talvez, viver um grande amor, palavra que desconhecia completamente, por assim vivê-la. Na liberdade tudo era luz demais e, mesmo assim, nenhum dos outros peixes o enxergava. Para o passarinho não foi muito diferente. Ao ver todos os outros pássaros serem libertados e voarem em direção ao horizonte, teve de sair caminhando. Não sabia como usar aquelas suas asas duras, de penas espessas e pesadas. Bateu forte as asas mas não foi possível voar. Nenhum pássaro voltou pra ajudar a lhe ensinar a arte do vôo. E baixou a cabeça, mais uma vez estava solitário.
A primeira semana de liberdade fora um total tristeza: o desamparo pairou, sobre ambos os animaizinhos agora livres. O peixe sem ter amigos olhava muito o céu acima da superfície, na busca de algo que talvez o refletisse. O pássaro, andava costeando o litoral, vendo o esfarelar das ondas na areia e nas pedras tentando entender porque nunca fora capaz de fazer o vôo que os outros pássaros fizeram tão naturalmente. Até que um dia os olhos deles se encontraram novamente. O passarinho na pedra, o peixinho dentro d'água. Aquele olhar molhado parecia ser a fonte de todo o oceano: mar de lágrimas. Já o peixe que via o passarinho na pedra não entendia porque ele não voava logo pra liberdade, mas tinha a alegria de ter ali a salvação pra sua solidão. No entanto um sentimento muito estranho o envolveu e ele não conseguiu conter a esperança que fez faiscar em seus olhos, olhar proposital de pura doação. O pássaro, ao absorver aquela fagulha vital, de repente acreditou e deu um pulo . . .
O pássaro podia voar sim, mas era muito esforço aquele. Não importava, voar já era grande e sublime para ele que era tão pequenino e ainda frágil em sua existência. Voou com muito esforço rumo às ilhas que via ao longe. O peixe, desamparado com o que causara, não teve escolha se não seguir o vôo baixo daquele passarinho que se esforçava tremendamente pra manter-se suspenso no ar. E era de tamanho esforço para o peixinho nadar também. Nadou voraz na busca de não perder-se daquele único em que sabia caber-se. Nadou e nadou e fez muita força para acompanhar aquela velocidade, até então impossível. Estava ficando para trás e no desespero de perder o pássaro amigo de sua vista ele saltou para fora d'água. O pássaro, exausto de tanto bater suas asas perdeu um pouco as força e de repente, mergulhou.
E um milagre se presenciou mutuamente: o peixe voava, o pássaro nadava. Um nadava melhor que o outro voava e vice e versa. E ficaram a alternar-se entre água e ar, céu e oceano, num beijo interminável entre suas essências tão próximas: viver. O infinito de suas buscas finalmente encontrou um ritmo, um lugar onde sabiam dançar a vida.
O peixe cresceu: peixe voador. O pássaro descobriu-se: mergulhão. E então se ensinaram e foi ali que tudo começou. Onde uma vida começa, uma história finalmente acaba . . . E foi assim que o pássaro e o peixe se amaram, e todo o resto do mundo ficou para trás.
Quero desabafar: sabe, vez em quando acontece uma série de acontecimentos de força incontrolável. Tão difícil explicar como ... É toda uma rede de acontecimentos que poderia narrar mas gastaria horas tentando explicar uma coisa que deve ser no fundo tão simples. Tem momentos muito diferentes na vida, mas a intensidade parece-me uma coisa presente a todo instante. Parece que o mundo cai a cada instante, que o universo inteiro está em queda absurdamente rápida, como numa tempestade que percorre o corpo numa adrenalina inefável, como música... E eu misturo tudo numa coisa só, o tempo inteiro... Tempo? Uma coisa tão escapada de si mesma me faz ser um viver indomesticável como sou. Não tenho tempo, estações imprevisíveis, pólen invisível que aspiro sem perceber, mas que me fecunda com seu perfume invisível. Passado, presente, futuro, porque nesta ordem??? Pra mim é P(assado)RE(futuro)SENTE . . .É uma coisa só que se flui em si mesma, sem divisões tão nítidas como a matemática das palavras...
Não consigo desabafar: é tudo tão epifânico, escrever é um ato que por si me transforma tanto que ao fim do texto já nem reconheço o que talvez tivesse sido aquilo que me lembrava . . . INTENSIDADE: Porque tanta? E nisso tudo muitas vezes enlouqueço de não saber ao certo porque sou naquilo que estou sendo e simplesmente fluo selvagem a perceber os atos em seus exatos acontecimentos, sem pensamentos e somente desejos... e dores. Sou o sendo, vivo, tento, mas não entendo.
Leveza
é ter o dom da transparência aparente
num domingo
e o sol nascente
entre as nuvens
cores reluzentes
e nada mais
no toque da tangente entre dois segredos
o círculo do fogo finalmente chove
sua água tão abençoada
pelas forças da eletricidade de existir
e enfim molham-se os olhos
com a umidade do inefável improvável
musica é a leveza pra expressar
o que dança, só, pode sentir
Amor música
Sexo dança
e desisto dos segredos
meus olhos brilham
diante dos mistérios
e nada mais:
nada mais
Nado: leveza
Uma coisa começou a me doer: ver que eu não sendo eu, fui sendo o desejo que sempre não meu. Uma tristeza cheia de uma saudade urgente de coisas pequenas acontecidas a tão pouco tempo começou a temperar meus pensamentos. Não sei o que machuca mais: se as dores que causei e não entendo como funcionam, ou se as dores que peguei emprestado e não sei sentir integralmente. Não sei um monte de coisas, mas uma coisa eu sei, sei que queria ter conquistado a amizade que enxerguei com tamanha naturalidade e eficiência, tão velozes no acontecimento dos dias. Tenho um impulso de não recusar os pedidos que só sabem ferir, e por dentro os recuso mas aceito a liberdade alheia com a alma vertiginosa, preparada pra me machucar, um preparo despreparado, mas proposital, talvez cheio de ânsia. Vertigem da liberdade, da entrega, do absurdo que só a beleza consegue alcançar, da beleza que só os olhos podem refletir, da reflexão que só a imaginação pode criar, da criação que só a mente pode conceber, da mentalização que só o espírito pode sentir; da sensação que só o corpo pode experimentar.
Quis amar e fiz me apaixonar, sempre com amor. Quis me apaixonar e amei, cheio de paixão ( e foi demais). O doce amor a machucar os egos que se desfragmentam com sua força incontestável, doces egos que amei, na paixão que amo estar amando, e continuar... que o esforço pra não me esforçar é inútil.