trecho de 'O diálogo que nunca existiu'
De vez em quando tenho uma necessidade visceral de abandonar completamente o ambiente urbano, como que sem isso eu seria capaz de enlouquecer definitivamente. Mas nem sempre posso me ausentar da urbem, e, infelizmente, sim, enlouqueço. É chato ter que se dobrar tanto pra se enquadrar no aprisionamento do funcionamento social urbano. Também é chato existir essa divisão tão nítida entre o mundo-do-homem e o mundo-do-mundo. E porque prefiro tão claramente o mundo-do-mundo? Será que me sinto mais parte dO Mundo que do mundo-do-homem? Sim, me sinto mais parte de tudo que não conheço do que daquilo que me soa familiarmente óbvio. No entanto, o mundo-do-mundo sem os olhos de um olhar advindo do mundo-do-homem de nada me contenta. Preciso mostrar pro homem-do-mundo-do-homem como o mundo-dele pode ser tão bonito quanto o mundo-do-mundo.
_Mas que mundo-do-mundo é esse que você está falando?
_É o mundo das coisas como elas não se encaixam, mas fluem em congruência harmônica
_Como assim?
_É o mundo onde é redondo e por isso não tem fronteira, é tudo uma curva de transição
_Tá, mas como assim?
_Um mundo onde não tem quebra nem limite, um mundo redondo enfim... talvez azul.
_Não entendo...
_É isso! Um mundo onde haja o “não entendo” pra fazer viva a beleza de existir
_Talvez você esteja certo...
_Talvez
_Mas ainda não entendo
_Eu também não...
_Só mais uma coisa, esse diálogo nunca existiu né?
_Nunca.
_tem certeza?
_Não (...) Se nunca existiu como pode ser um trecho?
_É só um título
_Mas poderia ser uma nota
_mas é um título
_tem certeza?
_não
_nem eu sei...
_nós nunca sabemos
_sim vivemos
_sim, vivemos..
(Trecho de "trecho de 'O diálogo que nunca existiu'", de Uirah Felipe)
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