sexta-feira, novembro 24, 2006
Divagações em torno de uma antiga epifania . . .
Outro dia assisti na TV que a monogamia nasceu junto com a idéia de propriedade privada a cerca de 5.000 anos atrás. Penso, então, que aqui já habitamos um paraíso absoluto, onde agora um inferno caótico impera as sociedades humanas. É incrivelmente curioso que a idéia de possuir algo como moradia, terra, e até mesmo animais, enfim, tenha vindo com o mesmo segmento de pensamento da idéia de se ter a propriedade de outra pessoa, outro ser igualmente humano. Já acho absurdo alguém acreditar que possuí um outro ser, e seja ele de qualquer espécie (e não é que me soa realmente absurdo, na realidade compreendo a infantilidade de tais sentimentos – será que deveria chamar essas 'emoções incontroláveis' de sentimentos culturalmente desenvolvidos? - de qualquer maneira, compreendo e acolho esta imensa solidão de querer possuir tão pouco, quando tudo, a bola azul inteira, é parte integrante da sua postura mais sua e única natureza de existir neste universo.) Mais absurdo, no entanto, é acreditar que se possua a liberdade de limitar a liberdade de um outro ser. E imagine também o seguinte, voltando a parte menos corrosiva deste sentimento: como um único homem, ser humano ('dotado de poli encéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor') consegue de fato possuir por exemplo 30.000 hectares de terra? Um papel diz isso, e prova tudo, e daí? Quer dizer que um papel é capaz de provar que eu possuo o universo??? É claro que não, um papel não prova nada... Me parece óbvio que este homem só "possua" aquilo que ele desfrute, e acho definitivamente absurdo desfrutar de tanta terra que se perde horizonte afora, de maneira que ninguém mais possa desfrutar daquela terra ao mesmo tempo... Como, pois, um papel dizer a mentira cabeluda de que um único ser (um todo poderoso) tem o direito, defendido pelo Estado, de possuir de maneira exclusiva uma propriedade sobre lugar tão vasto??? Há muita papelada morta pra contar e reafirmar essas mentirinhas BURROcráticas. Imagine que duas pessoas que se amem de verdade sejam forçadas ou coagidas pela sociedade a assinarem um contrato um de posse do outro, um intervendo nos direitos legais do outro. Muito bonito? Mesmo? Sempre preferi e optei por acreditar no amor como uma idéia íntima da liberdade, da espontaneidade vital e da alegria gratuita. E como ser livre se, não por acaso, se é propriedade de outrem? E pior, se acaso se possuí alguém...!?? (tremenda responsabilidade, não?) NÃO! Não quero me casar, prefiro amar a “ser feliz pelo resto da eternidade”. Prefiro viver de surpresas que de restos, de aprendizados que de limitações. Prefiro viver a transformação de tudo que burlar o tempo e “fingir que a morte não existe e Deus e o amor sim...”. Prefiro conhecer e desvendar os mistérios, viver o mais profundo, o mais além, e ainda saber olhar o horizonte por três horas a sorrir e sem saber o por quê. Sem ter 'por que's na cabeça e tudo tendo uma música que só eu conheço a melodia mas, mesmo assim, nessa solidão de entender tanto o compasso da vida e ver a dança acontecendo tendo que se concentrar no canto pra não perder o tom do crescimento, consegue-se com o pensamento sublimar na imensidão do tudo o sentimento que prefiro não dar um nome... E essa é a minha comunicação. Contratos não me servem para amar, mas olhos, sim...
Uirah Felipe Grano Gaspar
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